Não foi o fim de corrida que todos esperavam, mas o GP da Malásia deste domingo (4) serviu para mandar um recado aos críticos de Valentino Rossi. Aos 39 anos, o italiano liderou a maior parte de uma corrida que é conhecida por sua alta exigência física e, assim, mostrou que ainda tem lenha para queimar na MotoGP.
Depois do GP da Austrália, quando Maverick Viñales encerrou um longo jejum de vitórias da Yamaha, os detratores de Rossi sugeriram uma antecipação nos planos de aposentadoria. Alguns, inclusive, afirmaram que o piloto de Tavullia começava a sentir os efeitos da idade.
Mas aí chegou Sepang. Última de uma sequência de três GPs, a corrida no circuito projetado por Helmann Tilke em Selagor é conhecida por ser um desafio extra por conta da alta temperatura e da umidade elevada, características típicas do clima equatorial da Malásia. Neste domingo, por exemplo, os termômetros marcaram 34°C, com o asfalto chegando a 53°C.
Segundo no grid, Rossi tomou a ponta ainda nos primeiros metros e liderou a maior parte da disputa, mas, com quatro voltas para o fim, caiu na curva um e jogou a vitória no colo de Marc Márquez, que não teve mais dificuldades para alcançar o nono triunfo de 2018.
Assistindo dos boxes por conta das dores causadas por uma fratura recente no punho, Jorge Lorenzo recorreu ao Twitter para exaltar a performance de Rossi em Sepang.
“Fora a queda, nunca vi Valentino Rossi tão consistente”, escreveu Lorenzo. “Mais de dez voltas em apenas um décimo na mais quente e mais longa pista da temporada me impressionaram hoje”, seguiu.
“E alguns disseram depois da última corrida que ele começava a sentir a idade”, completou.
2018 tem sido um ano reconhecidamente difícil para Yamaha. A casa de Iwata enfrentou o maior jejum de sua história na classe rainha e pouco teve a chance de brigar com Honda e Yamaha em condições e igualdade.
Mas, mesmo em um cenário tão difícil, Rossi tem sido o líder da equipe na hora do ‘vamos ver’. Em classificação, Viñales leva vantagem, já que largou dez vezes à frente do italiano, mas, em corridas, o #46 foi melhor que o espanhol de 23 anos em dez das 17 corridas disputadas em 2018.
Com a YZR-M1 dando uma trégua no sofrimento dos pilotos desde a Tailândia, Rossi conseguiu encontrar uma boa performance em Sepang e dificultou verdadeiramente a vida de Márquez.
“Qualquer um dos dois poderia ter vencido. Foi uma corrida de coração”, disse Márquez.
Questionado sobre qual era o plano para as voltas finais em Sepang depois de recortar parte da vantagem do ponteiro, Márquez respondeu: “O plano era tentar. Vocês que conhecem”.
“O plano era estar lá para tentar no final. Eu não tinha mais nada. Nós dois estávamos pilotando no limite”, frisou. “Nós dois estávamos em um ritmo muito rápido e aí eu vi que ele começou a ter dificuldades. O plano era tentar chegar no final e restavam só quatro, cinco voltas. Seria muito, muito apertado, mas o plano era chegar lá e tentar lutar”, frisou.
“Aí veríamos, porque o nosso nível era muito, muito igual”, comentou.
Ex-piloto da MotoGP, James Toseland também exaltou a performance de Rossi em Sepang em sua participação na transmissão da corrida pelo canal britânico BT Sport.
“Ele é uma lenda. É o maior de todos os tempos”, afirmou Toseland. “Foi um erro que qualquer um pode cometer”, minimizou.
Depois da emoção de ver o irmão Luca Marini vencer pela primeira vez no Mundial e do pupilo Francesco Bagnaia conquistar o título da Moto2, Rossi reconheceu que deixa a Malásia com uma sensação agridoce.
“Vai ser uma noite divertida: eles vão comemorar, eu vou esquecer”, brincou. “Foi um dia fantástico, faltou só a cereja do bolo. Se eu tivesse vencido no mesmo dia da primeira vitória do meu irmão no Mundial, teria sido o melhor dia da minha carreira. Eu não achava que Luca venceria um GP nesta temporada”, reconheceu.
Rossi classificou a queda como um “pecado”, mas deixou claro que a Yamaha ainda precisa melhorar mais para evitar dificuldades no fim da corrida.
“Vivemos um sonho, foi um pecado. Eu estava forçando, queria manter a vantagem e fazer Márquez suar”, contou. “Nós melhoramos, mas nas últimas voltas sofremos de novo e, assim que toquei o acelerador, perdi a traseira e eu não estava esperado”, relatou.
“Ainda vão dizer que eu tenho de parar?”, questionou.