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O fenômeno Mottu: a moto que não existe

A marca Mottu, especializada em locação de motocicletas, tem sua própria fábrica, já é a terceira do Brasil, mas ainda não vendeu uma só motocicleta

Não existem concessionárias Mottu, não é possível comprar uma motocicleta zero quilômetro e tampouco usadas da marca. No entanto, as ruas das principais cidades do Brasil estão apinhadas dos modelos Mottu circulando. Além disso, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Mottu é nada menos que a terceira marca mais vendida do Brasil.

Em janeiro, o ranking de emplacamentos da Fenabrave apontava 4.444 unidades da Mottu, representando 4,02% do mercado. Perde para a Honda, com 76.923 unidades e 69,62% do mercado, e para a Yamaha, com 21.552 unidades emplacadas e 19,51% de participação. Na categoria City, o modelo Mottu Sport 110i figura em segundo lugar, com 8,87% de participação, atrás da Honda CG 160 com 60,65% do segmento.

A mágica para o jovem fenômeno chamado Mottu, fundada em 2019, é que só aluga motos para entregadores autônomos. Não vende. Porém, paga IPVA, licenciamento, manutenção, resgate, moto reserva, seguro, infraestrutura e assistência 24 horas. Não comercializa a moto, somente aluga para os chamados motoboys, entregadores delivery, que viraram gênero de primeira necessidade durante a pandemia, crescendo exponencialmente frente ao chamado lockdown.

História da Mottu no Brasil

A Mottu, logo no primeiro ano de existência, iniciou sua frota pela cidade de São Paulo com mil motos. A alta demanda seguiu em forte expansão, passando também a atuar por cerca de 28 cidades de todo o país (vai atingir 45 cidades e continuar ampliando), e até no exterior, no México. Curiosamente, a necessidade de comprar cada vez maiores quantidades de motos de terceiros para alugar fez surgir sua própria marca.

A moto empregada, até então, era a Honda Pop110i, pintada com as cores verde e preto da Mottu. Como a Honda por questões estratégicas não pode mais atender a entrega dos altos volumes exigidos, resolveu então produzir suas próprias motocicletas com a marca Mottu.

Montou uma fábrica própria em Manaus, Amazonas, a partir de outubro de 2022. O modelo escolhido foi o Sport 110i da marca indiana TVS. Segundo Victor Trisotto, engenheiro responsável pela operação industrial, diretor e sócio da Mottu, a Sport 110i foi adaptada para as necessidades locais, com vários fornecedores nacionais, além de ser uma das mais econômicas do mundo, com marcas entre 65km/l e 70km/l de consumo.

Estratégia: dar empregos e renda para muitos

A pandemia arrefeceu, mas a cultura do delivery se solidificou e se fortaleceu. Segundo Rubens Zanelatto, fundador da Mottu, a filosofia da marca é “servir aos que não são servidos”. Dar emprego e renda para uma grande parcela, que não tem crédito suficiente para comprar uma moto ou mesmo pendências bancárias. Ao alugar a Mottu, a única preocupação é encher o tanque.

Por outro lado, também atender aos empresários de todos os portes, que alavancam suas vendas com o delivery e também com o badalado e-commerce. Além das empresas de delivery mais conhecidas, a Mottu também montou sua plataforma de pedidos: a Mottu Entregas. Atualmente, a frota da Mottu (incluindo a Pop 110i e um scooter elétrico da Amazon Motors) já é equivalente, por exemplo, à dos Correios, cerca de 27 mil unidades, que já estudam uma parceria.

Quais são os valores do aluguel?

A Mottu não tem participação no faturamento do entregador. Só cobra o aluguel e o valor de R $ 600 parcelados como caução. O aluguel é de R$ 37 por dia. Se o interessado optar pelo aluguel anual, o valor é de R$ 25 por dia. Se assinar um contrato de dois anos de aluguel do modelo Sport 110i (que tornou a Mottu a terceira marca do Brasil), pagará R$ 35,00 por dia. Porém, ao final do plano a Sport 110i passa a ser do entregador.

Na prática, a Mottu também está vendendo a motocicleta Sport 110i, rateada em apenas 730 dias (dois anos) a um estratosférico custo final de R$ 25.550. Mesmo descontando a manutenção do período, o valor é quase três vezes, por exemplo, o de uma Pop, também com motor 110i e valor sugerido sem frete de R$ 9.010, ou ainda duas vezes o valor de uma CG 160 Start, a R$ 13.280.

Mas e os roubos? Segundo Victor Trisotto, não há. Como ainda não existem motos fora do esquema de aluguel, não existem peças clandestinas, não existe também “interesse” da chamada “robauto”. Além disso, o piloto vai tratar bem a moto que pode ser sua, mesmo sem qualquer garantia e segurança do pós-venda. Por via das dúvidas, os modelos contam com rastreador e bloqueador, é oferecida a manutenção preventiva em instalações próprias e até uma moto-escola.

Investimentos e números de produção

A rápida expansão da Mottu e o potencial do “negócio” atraiu fundos de investimentos que aplicaram US$ 30 milhões em uma primeira fase e mais US$ 30 milhões em uma segunda fase. Os planos são ambiciosos. Segundo Victor Trisotto, já no quinto mês de funcionamento da fábrica foram produzidas 5.400 unidades da Sport 110i, projetando cerca de 70 mil unidades anuais e crescendo.

Além da expansão em território nacional, a operação mexicana segue a mesma trilha. Tudo em torno do veículo motocicleta, que oferece rapidez, agilidade e baixo custo de manutenção. Também proporcionam renda por meio de um “ativo” que traduzido da linguagem “economês” significa exatamente motocicleta. Porém, na língua do motoboy, significa ferramenta de trabalho.

Detalhes da moto feita pela Mottu

A marca indiana TVS já está no Brasil, através da Dafra, que produz o modelo Apache 200. Victor Trisotto, que foi seu diretor industrial, fez a ponte e trouxe o modelo Sport 110i para também ser produzido aqui, com a marca Mottu.

A TVS é uma das grandes marcas da Índia e também atua em diversos países. A Sport 110i , apesar do nome, tem características de robustez, exatamente para atender ao mercado indiano, que usa a moto para transportar tudo sem reclamar.

O motor tem um cilindro com 109,7cm³, arrefecimento a ar e injeção eletrônica. A potência é de 8,3cv a 7.350rpm e o torque de 0,88kgfm a 4.500rpm, o que facilita rodar no trânsito, habitat do entregador. O câmbio é de quatro marchas, porém, para ligar só no “feijão”, sem a partida elétrica.

O visual tem farol (com lampejador) em micro carenagem, mais ao estilo asiático, com todas as luzes convencionais. Os freios são a tambor nas duas rodas, que são de 17 polegadas em liga leve, calçadas com pneus que também foram modificados. O tanque comporta 10 litros e o peso é de 110kg.

A suspensão dianteira é convencional, não invertida, e a traseira, com dois amortecedores e cinco ajustes na pré-carga da mola. O painel é analógico, com velocímetro, hodômetro e marcador do nível de combustível e alerta de descanso acionado. Tem também a indispensável tomada USB para conexão com o celular.

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fonte: https://www.vrum.com.br/motos/mottul-moto-aluguel/

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