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The Riders Histories
Clássicas

AVENTURA: COMO NOS VELHOS TEMPOS

Com uma clássica BMW R 100 GS pelas montanhas da Europa

Texto Victor Geller Fotos Bettina Theisinger
Em abril de 1993, a minha R100 GS Paris Dakar estava saindo da fábrica da BMW em Berlin. Quando fui buscá-la, novinha na concessionária, achei estranho fazer as primeiras curvas, pois a carenagem e os instrumentos eram presos ao quadro, uma novidade para mim, acostumado a andar com uma Honda XLX 350 R, antes de me mudar para a Alemanha.
Desde o começo, fiz muitas viagens com ela pelas estradas cheias de curvas dos alpes austríacos e do Tirol do sul, na Itália. Na época, com mapa no tanque ou preso ao guidão, bússola colada no bocal do tanque e roteiros planejados por guias. Eram os recursos que tinham, com vantagens de você ter muito bem o trajeto na cabeça, mas com o perigo de ficar procurando no mapa onde você se encontrava enquanto estava pilotando. Seguia rodando até ficar cansado e só então procurava um local para pernoitar, geralmente um albergue.
Infelizmente, eu tomei a decisão de vendê-la em 1995. Mas a saudade acabou batendo tão forte que, muitos anos depois, comprei outra igualzinha, em todos os detalhes. 
Em abril de 2023, essa segunda R100 GS completou 30 anos e virou oficialmente uma clássica. No começo, como a primeira, todos olhavam para ela por ser o novo modelo, com um design um pouco extravagante para o cliente da marca (na época). Hoje, ela desperta o interesse dos motociclistas novamente por ser bem rara de ser vista pelas estradas. Muitos arregalam os olhos, apontam para ela e sorriem quando a veem, talvez por também terem tido uma quando jovens ou, simplesmente, por se lembrarem dela.
Carburada
Nada melhor para reviver aquela época do que repetir as viagens feitas com a minha primeira moto. Hoje, porém, com o roteiro baixado pela Internet, planejado no Laptop e carregado no Smartphone, usando o GPS. A quantidade de fotos tiradas é incomparavelmente maior do que antes e ajudam muito a documentar a viagem.
O Tirol, entre Áustria e Itália, é muito bonito, com paisagens magníficas, estradas repletas de curvas e passagens fantásticas.
Cada vez que eu paro no topo de uma montanha para descansar e admirar o panorama, sou lembrado de que a moto ainda é carburada, pois em grandes altitudes, o ar fica rarefeito, o que torna a marcha lenta meio instável. Sem problemas! É só ajudar acelerando um pouco.
Esta moto tem um motor boxer de dois cilindros, com duas válvulas por cilindro. Relativamente antigo, já era na época que a comprei, não tem tanta potência (65 cv), como se poderia esperar das 1000 cc. Mas, o torque em baixa é fenomenal!
Antes, competindo com as Hondas Transalps e XLs de 600 cc, Africa Twins de 750 cc, Yamahas XTs, ela era a rainha das estradas alpinas. Hoje em dia, todas as motos denominadas como Adventure são mais potentes do que ela, mas mesmo assim, ainda dá para acompanhar bem o ritmo das motos modernas.


Autonomia
A autonomia de 550 km do tanque de 35 litros da Paris Dakar era já, na época, bem agradável. Quando você sobe a montanha pelos passes, os postos de gasolina ficam raros, principalmente, quando você já está na reserva.
Eu sempre fiz viagens de no máximo 4 dias, rodando de 6 a 8 horas por dia. A média de quilômetros rodados é relativamente baixa, mas isso por causa das inúmeras curvas acentuadas pelo caminho.
Hoje, não arrisco mais tanto nas ultrapassagens como fazia antes, na velocidade eu também modero. Os que querem puxar forte eu deixo passar. O motor continua bom, mas eu tenho dó de ficar andando no limite, faço agora mais passeios e não competições com os outros, como costumava fazer. O receio de sofrer um acidente, cair e danificar uma peça e não achar mais reposição ou estragar uma moto clássica, ajuda a sentir prazer em tocar ela com mais tranquilidade.
Torneirinha
Sempre há um risco com uma clássica de ficar parado na estrada, mas graças às manutenções que eu mesmo faço e aos cuidados que tenho com ela, sempre consegui voltar para casa sem nenhum problema técnico. A única coisa que já me aconteceu foi ter ficado sem gasolina, mesmo com um tanque tão grande, por ela não ter um indicador de combustível. Eu uso o hodômetro parcial para ter uma base de quanta gasolina ainda há no tanque, mas o consumo pode variar bastante andando em subidas íngremes com malas e garupa. E se você ainda esquece de voltar a torneirinha da reserva ou troca a posição, já viu…
Quando fui a uma feira de motos em Munique, haviam vários estandes de hotéis para motociclistas e passeios prontos para você baixar dos sites deles, direto da Internet para o seu GPS. Modificando um pouco o ponto de partida e de chegada dá para adaptá-las bem ao local onde você planeja pernoitar. Não é mais tão espontâneo como era antigamente, requer bem mais tempo no planejamento, mas quando dá certo é uma beleza.
Espero ter ainda muitos anos de disposição para continuar a fazer essas viagens e ficarei muito feliz se a R100 GS continuar me proporcionando este prazer. Esses passeios sempre ficam guardados na memória como os bons tempos da sua vida. E o segredo é prolongar estes tempos o máximo possível. 

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fonte: https://www.revistaduasrodas.com.br/noticias/aventura-como-nos-velhos-tempos

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