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Harley-Davidson Sportster S: essa moto é um canhão

Alguns dias de convivência provaram: modelo é diferente de todos os outros da marca – e feito para quem gosta de emoção

Tem curiosidade sobre a Harley-Davidson Sportster S? As Harley-Davidson são todas iguais. São motos custom para quem gosta de pilotar tranquilamente, curtindo a paisagem e o vento no rosto, mesmo que sejam os maiores modelos da marca, com motores grandes e torcudos. Certo? Não, errado!

Se o caro leitor também pensa assim, ou sempre foi levado a pensar assim, precisa conhecer – e, se possível, experimentar – a Harley-Davidson Sportster S. É, certamente, a mais furiosa e emocionante moto que a marca já fez quando o assunto é desempenho dinâmico.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

E é, também, diferente de tudo o que estamos acostumados a ver e a pilotar, vindo da marca de Milwaukee. A começar pelo design agressivo, baixo e comprido, com estilo “drag bike” de motos de arrancada. É um visual bem impressionante, e coerente com uma das propostas da Sportster S: atrair os olhares alheios por onde passar.

Diz a Harley-Davidson que o design da Sportster S foi inspirado no da XR750 que compete em provas de flat track (aquelas com circuito oval e pista de terra). Inclusive o banco solo e o curioso escape “2-1-2”, alto à moda scrambler. Mas a moto está mesmo mais para “drag bike” do que para flat track.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

E há o motor Revolution Max V2, que tem refrigeração a água, 1.250 cm³ e quatro válvulas por cilindro. É o mesmo motor que empurra a bem maior e mais pesada big trail Pan America. Mas com algumas diferenças. Segundo a Harley-Davidson, as válvulas são menores e as câmaras de combustão têm formato diferente, para aumentar a velocidade do fluxo da queima no interior e melhorar o torque em rotações baixas e médias (entre 3.000 rpm e 6.000 rpm). Por tabela, os pistões também são diferentes dos usados na Pan America.

Para completar, os dutos de admissão de ar e a própria caixa de ar também são próprios da Sportster S, e o comando de válvulas variável também tem outro ajuste. Resultado: a potência é de 121 cv a 7.500 rpm e o torque, de 12,9 kgf.m a 9.500 rpm – na Pan America, são 150 cv a 9.500 giros e 13 kgf.m a 6.750 rpm.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Ou seja, a potência é menor, mas chega antes, enquanto o torque é quase o mesmo, mas vem um pouco depois. Na prática, ainda bem que, na Sportster S, o V2 foi “amansado”: se usasse a mesma calibragem aplicada na Pan America, essa “drag bike” poderia ser realmente perigosa.

Perto da Sportster S, as V-Rod, que tinham motor projetado em parceria com a Porsche alemã e uma vocação parecida, se tornam apenas uma antiga lembrança. As V-Rod andavam forte, mas essa Sportster S é insana. Como já publicamos matéria aqui sobre o lançamento mundial da moto, e até umrápido test-ride feito pelo nosso repórter Alexandre Ciszewski durante a apresentação da moto no Brasil, agora vamos contar como é conviver com essa nervosinha no dia a dia.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Três dias de emoções com a Harley-Davidson Sportster S

Meu rolé com a Sportster S começou com a longa jornada da concessionária até em casa. Foram 35 quilômetros de trajeto urbano, por avenidas expressas e alguns engarrafamentos. No segundo dia, mais uns 50 quilômetros de trajetos aleatórios. E no terceiro dia, a devolução da moto, com mais 35 quilômetros.

Não peguei estrada, já que essa não é a exatamente proposta da moto, e o tempo era curto. Mas, sim, a Sportster S permite pequenos passeios e viagens, desde que você não leve bagagem – não há onde prendê-la na moto – e nem garupa. Nesse caso, simplesmente porque não há banco nem pedaleiras para um carona. As concessionárias venderão kits com essas peças, mas só mais para o fim do ano. E, cá entre nós, garupa nessa moto vai sofrer. Por fim, vale lembrar que o tanquinho para apenas 11,7 litros também limita as viagens.

No período de convivência, a ambientação inicial com o modelo foi bem mais fácil do que imaginei. A posição de pilotagem surpreende por ser mais confortável do que parece, e você “veste” a moto. Montou, saiu e parece que já existe intimidade há tempos.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

As duas principais preocupações iniciais são as curvas – o pneu dianteiro é largo – e os radares. Quanto às curvas, bastam algumas para logo ficar entendido que a moto é competente nisso, e até inclina bastante. Mas o piloto tem que trazer a moto para o lado de dentro da curva. Tem que fazer alguma alguma força. Depois que se acostuma, pode entrar forte que a Sportster S cumpre as trajetórias pretendidas sem sustos.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Quanto aos radares… bem, aí é preciso muito cuidado. O motor despeja sua força sem dó nem piedade e as respostas são incrivelmente fortes e rápidas. Se o piloto estiver distraído e acelerar forte, vai levar susto – e multas. E mais ainda se botar no modo de condução sport (S), que traz respostas ainda mais violentas.

Aí é o armagedon: o motor, que já tem um ronco exuberante, urra forte, pede passagem e o ganho de velocidade é estonteante. Algumas motos esportivas, inclusive, vão comer poeira. Segundo a Harley-Davidson, a velocidade máxima da Sportster S é de 220 km/h!

Crédito: Roberto Dutra / WM1

É quase uma injustiça da vida estar com uma Sportster S e não poder acelerar tudo. Com seu desempenho vigoroso, a moto responde sempre rapidamente e exibe agilidade surpreendente. Carros, ônibus, vans e tudo o mais ficam para trás num piscar de olhos!

Outro aspecto interessante da Sportster S é sua maneabilidade. A moto passa com relativa facilidade pelos corredores e o que a limita são os espelhos retrovisores redondos, que ficam além da largura do guidão. Mas dá para contornar isso: inverta os retrovisores, jogando-os para baixo, que ficarão dentro do espaço ocupado pela próprio guidão.

É uma boa sacada. E que não vai mudar muito o campo de retrovisão: já na posição original, com os espelhos para cima, é muito limitada. Esse é um aspecto negativo da moto, ao lado do banco – que é mais anatômico do que macio. Você não escorrega pra frente e pra trás ali em cima, mas vai ficar dolorido depois de um par de horas.

Conforto é limitado

Falando em conforto, as suspensões da Sportster S não ajudam nesse quesito. As especificações são boas – dianteira e traseira Showa totalmente ajustáveis, garfos invertidos com 43 mm de diâmetro na frente e monochoque também com piggyback atrás. Mas os cursos são curtíssimos e qualquer imperfeição do piso é bem sentida. Principalmente na suspa dianteira. Sossego, mesmo, só sobre asfalto lisinho – o que não e exatamente o mais comum no Brasil.

E tenho certeza de que o caro leitor, ao ver as fotos da moto, se perguntou se os escapes altos não esquentam ou não queimam a perna direita do piloto. A resposta é não, não esquentam nem queimam. No trânsito mais congestionado dá para sentir um calorzinho, mas nada que incomode. Matou a curiosidade?

Crédito: Roberto Dutra / WM1

A Sportster S também se distancia das outras Harley-Davidson pela facilidade na troca das marchas. Nada de barulhos incômodos ou imprecisões: aqui é “clank-clunk”, e marcha engatada. Isso também ajuda a curtir a performance da moto, já que os engates justos e precisos ajudam a ganhar velocidade mais rapidamente. E a embreagem, por sua vez, se não é extremamente leve, também não exige muita força em seu acionamento.

Um outro ponto positivo da moto – ainda bem! – é a frenagem. Os freios Brembo são bem dimensionados para a disposição do motor, e param a Sportster S em distâncias seguras. Claro que os bons pneus Dunlop GT503 ajudam com sua ótima aderência.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Muita ajuda eletrônica

Aqui, vale lembrar o aparato eletrônico que ajuda na pilotagem. Para começar, a moto tem ABS com atuação em curvas e controle de tração desligável na roda traseira (quer fazer drift? Vai lá!). Além disso, a Sportster S tem piloto automático, controle antiempinamento, três modos de pilotagem de fábrica – sport, road e rain – e mais dois modos “custom” que permitem ao piloto personalizar os ajustes dos assistentes eletrônicos de condução.

O painel, por sua vez, é uma bonita tela de TFT, redonda e colorida, com quatro polegadas de diâmetro. O piloto pode parear seu smartphone a ela por Bluetooth e, assim, ouvir música e atender e fazer chamadas. Pode, ainda, se orientar por GPS – nesse caso, é preciso usar um aplicativo da Harley.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

As informações aparecem na tela, mas o áudio requer um fone instalado dentro do capacete. A moto também tem monitoramento de pressão dos pneus, entrada USB-C para carregamento de dispositivos, controle de velocidade de cruzeiro e chave por aproximação. Opcionalmente, pode ser equipada com aquecimento de punhos e conexão para vestimentas aquecidas.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Resumo do rolé de Harley-Davidson Sportster S

A Sportster S é uma Harley-Davidson para quem busca três coisas: primeiro, chamar a atenção. Segundo, adrenalina na hora de pilotar. Terceiro, as duas primeiras sem ter uma moto visada. Então se o caro leitor sempre quis uma H-D, mas nunca comprou por achá-las caretas e lentas, é hora de virar a chave.

E se, desta forma ou não, quer tirar aquela onda e ainda sentir a pressão de um motor realmente forte, essa moto é uma excelente opção. O preço do brinquedo é R$ 125.900 – e vale cada centavo pelo design único e pelo desempenho insano.

Crédito: Roberto Dutra / WM1

Ficha Técnica

Harley-Davidson Sportster S

Preços: a partir de R$ 125.900

Motor: Revolution Max com dois cilindros em V, refrigeração líquida, 1.250 cm³, potência máxima de 121 cv a 7.500 rpm e torque, de 12,9 kgf.m a 6.000 rpm

Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por correia e embreagem acionada por cabo

Freios: a disco nas duas rodas, com ABS

Suspensões: dianteira com garfos invertidos de 43 mm e ajustes de compressão, retorno e pré-carga; traseira monochoque com piggyback e ajustes de compressão, retorno e pré-carga (traseira).

Pneus: 160/70 R17 na frente e 180/60 R16 atrás

Dimensões e peso: 2,27 m de comprimento, 1,52 m de entre-eixos, 9 cm de distância mínima do chão, 76,5 cm de altura do banco em relação ao solo e 228 quilos em ordem de marcha

Tanque: 11,8 litros

Consumo: 19,6 km/l (divulgado pela marca)

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FONTE:https://www.webmotors.com.br/wm1/motos/harley-davidson-sportster-s-essa-moto-e-um-canhao

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