MOTOGP, DESTAQUES DO ANO: ESPETÁCULO, ALEGRIA E LESÕES (MUITAS) NAS CORRIDAS SPRINT

Nos destaques da temporada 2023 do campeonato do mundo, temos de incluir a estreia das corridas Sprint que passaram a fazer parte do programa de cada fim-de-semana. Martin somou 9 vitórias contra 4 de Bagnaia nas corridas de sábado, fatídicas para muitos dos protagonistas do MotoGP.

Disputadas no sábado, a partir das 15h00 locais, a corrida dura aproximadamente metade da distância da corrida de Grande Prémio (pouco mais de 50 km de extensão e 10  voltas – valor que dependente da extensão de cada circuito), sendo  metade dos pontos atribuídos aos nove primeiros pilotos. Exemplo, 12 pontos para o primeiro, 9 para o segundo, 7 para o terceiro, e assim progressivamente até ao nono classificado. Deram-se colisões em massa na primeira curva, muitos nervos à flor da pele e por consequência, numerosas lesões na grelha, condicionando de forma clara o desempenho de vários pilotos no campeonato do mundo. Esse foi o lado negativo da corrida Sprint.

‘Martinator’, o rei das Sprint

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Do ponto de vista desportivo, seis pilotos se destacaram e subiram ao lugar mais alto do pódio na temporada de estreia da Sprint. Jorge Martin, com a Ducati GP23 da Prima Pramac foi o principal dominador (9 vitórias e 168 pontos), na frente de Francesco Bagnaia (4 vitórias e 140 pontos) e de Brad Binder (2 vitórias e 109 pontos).

Marco Bezzecchi (1 vitória e 87 pontos), Aleix Espargaró (1 vitória e 48 pontos) e Álex Márquez (2 vitórias e 50 pontos), ou mesmo Johann Zarco, Luca Marini e Marc Márquez, que subiu ao pódio no sábado em Valência, foram outros pilotos em destaque na corrida curta do MotoGP.  

Entre os mais azarados na Sprint, estiveram Pol Espargaró que perdeu mais de metade da época devido ao acidente na abertura da época em Portimão, prova igualmente madrasta para Miguel Oliveira (depois de ter sido abalroado por Marc Márquez) e Enea Bastianini. Alex Rins, devido a uma queda no Sprint do GP de Itália em Mugello, perdeu também ele mais de metade da temporada de MotoGP no seu primeiro ano com a Honda.

Pilotos mais pontuados nas corridas Sprint

1º Jorge Martin (Ducati), 168 pontos

2º Francesco Bagnaia (Ducati), 140

3º Brad Binder (KTM), 109

4º Marco Bezzecchi (Ducati), 87

5º Maverick Viñales (Aprilia), 54

6º Luca Marini (Ducati), 54

7º Álex Márquez (Ducati), 50

8º Aleix Espargaró (Aprilia), 48

9º Jack Miller (KTM), 47

10º Marc Márquez (Honda), 38

MOTOGP, DESTAQUES DO ANO: PRIMEIRA VITÓRIA DE ZARCO NA DESPEDIDA DA DUCATI

A temporada 2023 foi férfil em surpresas, como a primeira vitória de Johann Zarco em Outubro, no GP da Austrália, após sete anos e 19 pódios alcançados no MotoGP. Zarco tornou-se o quinto francês a vencer um Grande Prémio de motociclismo na categoria rainha.   

Aos 33 anos, e embora vá embarcar no delicado desafio da Honda no próximo ano, Johann Zarco ainda não tinha conseguido vencer no MotoGP. Não que o francês não tenha nível, até porque os seus 11 segundos lugares e 20 pódios (depois da Austrália) dizem precisamente o contrário. Mas até então, sempre faltou algo ao bicampeão mundial de Moto2 para subir ao topo do pódio, sempre, até aquele sábado, 21 de outubro, num dos mais belos circuitos do calendário mundial, Phillip Island.

Após o seu companheiro de equipa, Jorge Martin, liderar da primeira à última volta até destruir completamente os pneus macios no final da corrida, Zarco conseguiu ser o mais incisivo para assumir a liderança numa curta distância, à frente do campeão mundial Francesco Bagnaia e de Fabio di Giannantonio que ficou nas nuvens com o seu primeiro pódio. Não foi uma vitória dominante de Zarco, isso é certo, mas o francês estava na hora certa e no lugar certo (2º) para correr para a primeira vitória que há tanto ambicionava.

Johann Zarco terminou a sua corrida em Valência com mais um pódio, terceiro atrás de Bagnaia e Giannantonio. Foi quinto classificado no campeonato do mundo, um lugar à frente dos dois pilotos de fábrica da Aprilia, Aleix Espargaró e Maverick Viñales . Uma despedida em grande do francês da Pramac Ducati, antes de ingressar num novo desafio com a LCR Honda de Luccio Cecchinello – certamente mais exigente.

O piloto de Cannes foi um dos últimos vencedores de um GP 125, em 2011, ano em que terminou como vice-campeão mundial, atrás de Nicolas Terol. Após as temporadas de 2015 e 2016 com as Kalex de Aki Ajo, Zarco tornou-se o único piloto da história da Moto2 a repetir o título por dois anos consecutivos – o último a fazê-lo numa classe intermédia foi  Jorge Lorenzo nos dois período de 2006-2007, nas GP 250.

Zarco estreou-se no MotoGP em 2017 com a equipa Yamaha Tech3. A sensação com a M1 foi imediatamente produtiva e eficaz, mesmo que a presença dos quatro fantásticos (Lorenzo, Pedrosa, Rossi e Marquez) tenha fechado repetidamente as portas às façanhas do francês.

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Depois de um curto e complicado parêntese do ponto de vista de desempenho e resultados na equipa da KTM, em 2020 o francês transferiu-se para a Ducati, desfrutando, no ano seguinte, da sua melhor temporada na categoria máxima com a equipa Pramac. Zarco terminou esse ano com quatro pódios e a quinta posição no campeonato, demonstrando boa regularidade de desempenho e sobretudo uma forte capacidade como piloto de testes que a Ducati tem conseguido capitalizar, reconhecendo sempre nele essas qualidades.

Fotos: Red Bull Content Pool

MOTO2, FERMÍN ALDEGUER: “NÃO IR PARA O MOTOGP DEIXA-ME UM GOSTO AMARGO NA BOCA”

Para uns subirem outros têm que ficar para trás. É assim a lei da vida, cruel, mas real… Fermín Aldeguer, o jovem talento espanhol que teve um final de temporada explosivo na Moto2, ficou a ficou a um pequeno passo de subir ao MotoGP.

 As quatro vitórias consecutivas conquistadas do GP da Tailândia a Valência , embelezadas com seis pódios nas últimas seis corridas do ano, chamaram a atenção para o muito jovem espanhol da Boscoscuro, que com os seus 18 anos demonstrou um talento acima da média, sendo imediatamente identificado como uma peça valiosa do mercado de pilotos de MotoGP .

Primeiro a Honda, depois a equipa Mooney VR46, Aldeguer esteve repetidamente ligado à categoria rainha, chegando perto de assinar com a equipa de Valentino Rossi, que demonstrou grande interesse. As palavras divulgadas por Aldeguer aos microfones da DAZN reflectem toda a desilusão pela não subida à categoria, que a certa altura até parecia coerente e condizente com os valores expressos em pista pelo próprio piloto.

Desde o início, Luca Boscoscuro, dono da equipa Speed-UP, tinha declarado a intenção de manter Aldeguer também para a temporada de 2024, dificultando uma operação de transferência que por si só já era difícil.

“A não passagem para o MotoGP deixa-me um gosto amargo na boca, mas, no final, penso que as coisas acontecem por uma razão. Talvez o próximo ano seja o nosso ano para lutar pelo campeonato do mundo . Chegar à classe máxima como campeão abre muitas portas. Quando a mudança para o MotoGP é possível mas não é feita por causa de outras pessoas, torna-se difícil de assimilar.”

As fortes palavras de pesar de Aldeguer seguem-se à também consciência de ser o favorito ao título de 2024. “Por um lado gosto disso, por outro não porque traz mais pressão. De qualquer modo quero aproveitar novamente este momento no próximo ano, que será uma incógnita com pneus novos e muitas mudanças.” Concluiu Aldeguer, que finalizou o campeonato no terceiro lugar, atrás de Tony Arbolino e do campeão do mundo Pedro Acosta.

MOTOGP: APESAR DE MUITO RÁPIDO, MARC MÁRQUEZ AINDA NÃO CHEGOU AO LIMITE

Marc Márquez foi promissor no teste de Valência, tendo em conta os seus tempos de volta e estilo de condução a bordo da Desmosedici, mas, observando-o com atenção, percebemos que o seu limite ainda está longe.

Certamente, o melhor do piloto catalão de 31 anos ainda está para vir, talvez já nos testes preparatórios para a temporada de 2024, a serem disputados em Sepang e Losail. Nessa altura, Marc Márquez poderá trabalhar mais tempo à volta da Desmosedici  e desfrutar de afinações específicas, partindo de uma posição de condução refinada, passando para o mapeamento eletrónico projetado especificamente, terminando com configurações de suspensão sofisticadas.

Estas ações não foram realizadas em Valência. Sabemos que na véspera do teste Marc subiu à moto, “entendendo” por um momento onde estava. Depois, os técnicos da Gresini trabalharam na altura dos apoios para os pés em relação ao solo e no ângulo do guiador. À direita, uma alavanca de travão de alumínio, única alteração visível a olho nu. Na pista, depois, pouquíssimas travessias, nenhuma derrapagem e nem sequer gastou os deslizadores dos cotovelos no toque com o asfalto. Assim, apesar do quarto tempo mais rápido no teste, parece-nos lógico admitir que Marc Márquez ainda não chegou ao limite com a Ducati.

MOTOGP: BRAD BINDER DÁ HOJE O NÓ COM COURTNEY RENNIERS

O Campeão do Mundo de Moto3 de 2016 na Red Bull KTM e duas vezes vencedor do MotoGP, casa-se hoje com a sua noiva, a modelo Courtney Renniers, em Stellenbosch.

Após o teste de MotoGP de terça-feira em Valência, Brad Binder, de 28 anos, disse que iria agora competir na exigente competição de enduro “Roof of Africa” no seu país natal e estaria então agendado para o sábado seguinte (hoje, 9 de dezembro) como convidado para um casamento. Mas, pelos vistos, não disse tudo… Afinal, é o seu próprio casamento, agendado para hoje em Stellenbosch, perto da Cidade do Cabo, na África do Sul.

MOTOGP: CIABATTI INCLUI MARC MÁRQUEZ NOS CANDIDATOS À EQUIPA OFICIAL

Paolo Ciabatti confessou em entrevista ao GPOne que Marc Márquez é uma das opções para a sua equipa oficial com vista a 2025. Para já, o piloto de Cervera vai competir nas fileiras da Gresini Racing, onde correrá ao lado do irmão Álex. Se o oito vezes campeão mundial conseguir brilhar com a Ducati Desmosedici GP23 , a empresa Borgo Panigale irá considerar adicioná-lo à equipa de fábrica.

“O talento de Marc Márquez é conhecido e penso que há muito pouco a acrescentar. Na minha opinião, tendo em conta os resultados que a Ducati alcançou nesta última temporada, com três motos na frente de todos, não havia necessidade de o ter connosco. Ao mesmo tempo, é um grande orgulho para a empresa ver um campeão como Marc numa Desmosedici. Para nós é mais um reconhecimento do trabalho que estamos a fazer”, sublinha o diretor desportivo da Ducati Corse.

Ciabatti compreende a razão pela qual o #93 decidiu deixar a Repsol Honda, onde o natural de Lleida está há 11 anos. “Marc é um vencedor e os seus títulos mundiais corroboram isso. É evidente que se Marc escolheu a Ducati é porque quer voltar a vencer.” explica.

Já sobre a possível promoção de Marc Márquez à equipa oficial, disse: “Como ainda não definimos os pilotos para 2025, diria, sem problemas, que Marc será um dos candidatos à equipa oficial . Não estamos mais naquela era pré-covid , onde um piloto como ele poderia ganhar salários supermilionários”, enfatiza.

MOTOGP, JORGE MARTIN: “NÃO PERDI O CAMPEONATO NA ÚLTIMA CORRIDA”

Numa entrevista ao programa ‘El Hormiguero’, o vice-campeão mundial Jorge Martin fez um resumo da temporada, falou na colisão com Marc Márquez em Valência e nos seus objetivos para 2024.

“Não perdi o campeonato na última corrida. Muitas coisas aconteceram este ano, foi um percurso muito longo,  estive longe e depois estive perto dos meus objetivos. No final foi difícil vencer porque cheguei a Valência em desvantagem. No entanto, no início da temporada o meu objetivo era um Top 3 e, no final, estou feliz com o ano que tive ”, sublinhou o piloto da Prima Pramac.

‘Martinator’ terminou em segundo lugar o campeonato depois de Pecco Bagnaia (467 pontos do italiano contra 428 do vice-campeão espanhol). “Na última prova em Valência gostei muito e todos cantaram ‘sim, sim’ para mim. posso’ depois de vencer o Sprint no sábado. E além disso, decidi divertir-me, fosse campeão ou segundo. Tive os momentos de maior pressão da Tailândia ao Qatar. Em Outubro estava obcecado em vencer e passei um mau momento. Foi um ano complicado. Não comecei muito bem, pelo menos não como esperava, mas depois ganhei confiança e vieram as vitórias. Ganhei 13 corridas este ano ( quatro corridas longas e nove Sprint) e todos os finais de semana fui rápido. Mas é verdade que quando vi algo que não estava a ir bem, fiquei muito tenso . Mas ficar irritado com a minha equipa foi uma coisa negativa. Eles são a nossa família e não é assim. Quando vi que algo não estava perfeito, reagi imediatamente e fiquei em cima deles. Esta é uma lição para o próximo ano .”

Em seguida, Jorge Martín analisou o que aconteceu no domingo em Cheste. O madrileno ultrapassou Marc Márquez quando tentava uma recuperação épica . Bagnaia tinha escapado e o piloto da Prima Pramac precisava de uma reação urgente. “Foi um momento complicado. Fiz a moto dele derrapar e isso fez com que nós dois caíssemos ao solo. Foi terrível para mim porque era a última corrida dele com a Honda. Nenhum de nós queria isso. Quando o vi depois da corrida, aproximei-me do Marc e fiquei surpreso com a atitude dele. Ele disse-me para ter calma, que teria feito o mesmo se estivesse a lutar pelo campeonato. Antecipadamente tinha uma ideia clara, era uma prova de tudo ou nada, ou ganhar ou cair. Se fizessem isso comigo, não sei como teria reagido. Marc é o melhor da história. Dias mais tarde, troquei de capacete com ele.”

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Na temporada de 2023, Jorge Martin foi o rei das corridas curtas, somando 9 triunfos nos Sprint de sábado. “Tenho que pensar um pouco mais tendo em vista as corridas longas”, refletiu o piloto de 25 anos. “No Qatar tive um pneu traseiro com defeito. Ganhei no sábado e pensei em repetir no domingo para me aproximar do Pecco. Lá tive que dar incentivo à equipa, porque eles ficaram muito tristes com aquele resultado.”

Por fim, o vice-campeão mundial (e campeão de Moto3 em 2018) tem-se mostrado extremamente ambicioso tendo em vista a próxima temporada. “Vejo-me campeão em 2024, mas isso exige que muitas coisas se concretizem. Será um ano interessante, melhor do que esta temporada, seguramente”, concluiu.

MOTOGP, FRANCESCO BAGNAIA: “AGRADEÇO AO JORGE POR ME AJUDAR A TER MAIS PRESSÃO”

Conquistado o seu segundo título consecutivo de MotoGP, Francesco Bagnaia olhou para os pontos positivos e negativos da época de 2023, salientando a queda em Barcelona e as dificuldades que sentiu depois disso. O italiano falou ainda dos benefícios de estar pressionado e olhou para os potenciais rivais no próximo ano.

“Disse ao meu treinador duas ou três vezes que os únicos dois a revalidar um título de MotoGP nos últimos 20 anos tinham sido o Vale e o Marc. Isso foi uma boa motivação. Foi uma longa jornada, muito exigente mentalmente, mas foi fantástico tudo o que fizemos. Começámos da melhor forma possível, tirando a Argentina e Austin, em que caí, mas, na segunda metade da época, depois de Barcelona, comecei a ter mais dificuldades, foi um dos momentos mais duros da minha carreira. No dia seguinte a Barcelona, acordei e estava completamente destruído, nem conseguia sair da cama. Mas puxámos muito do ponto de vista mental e preferi não partilhar muito o meu estado com os media, as pessoas não conseguem perceber tudo e não queria ter desculpas”, disse.

“A partir desse momento, o Jorge passou a ser muito rápido, mostrou que era o mais rápido em alguns momentos da época, foi sempre muito forte nas corridas sprint. As corridas sprint são uma questão de ser o mais rápido, mas ganhar no domingo é uma questão de ser o mais forte, nós demonstrámos que fomos os mais fortes. A pressão é um privilégio, sem essa sensação não consegues desfrutar. Ganhando ou perdendo, ter a possibilidade de ter pressão é ótimo, quero agradecer ao Jorge por me ajudar a ter essa sensação. Agora não quero pensar no próximo ano, mas, daqui a uma ou duas semanas, vou voltar aos treinos e acho que tenho mais margem para melhorar. Vai ser mais difícil, no próximo ano vamos ter o Marc na Ducati, vamos ter o Martín outra vez, vamos ter o Bezzecchi, talvez o Quartararo com a Yamaha, talvez o Morbidelli com a Ducati, as KTM. As vitórias são vitórias, quero sempre mais vitórias”, referiu.