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Qual a melhor motocicleta já feita na história?

O nome completo é Honda CBR 1100XX Super Blackbird. Confira porque é a motocicleta mais bem-resolvida da era moderna

Qual a melhor motocicleta já feita na história? Essa é uma questão que certamente gera muito debate, muita polêmica, muitas divergências e incontáveis conversas de botequim. E que provavelmente jamais terá uma única conclusão.

Afinal de contas, o que seria do vermelho se todo mundo gostasse de azul? Com motos é a mesma coisa: eleger a “melhor de todas” passa pelo gosto individual para design, desempenho, posição de pilotagem e muitos outros critérios.

Mas se o caro leitor tivesse que levar em conta apenas aspectos mais técnicos, como desempenho dinâmico, ciclística, maneabilidade e atendimento à proposta de uso? De todas as motos que você já pilotou na vida, qual seria a sua eleita?

Mesmo assim, seria essa moto a melhor de todas, mesmo? Afinal, em teoria ninguém pilotou todas as motocicletas já feitas em todos os tempos. Mas quem pilotou muitas – e aqui leia-se centenas – pode, pelo menos, criar uma boa referência própria.

E é por isso que arrisco eleger aquela que, para mim, é a melhor moto já feita em todos os tempos – pelo menos no tempo em que eu piloto motocicletas: a Honda CBR 1100XX Super Blackbird – uma moto lançada em 1996.

Será que ao fim desse texto o caro leitor concordará – ainda que parcialmente comigo? Siga adiante e depois me conte!

Porque a Blackbird é a melhor de todos os tempos

Vamos começar pelo nome da fera: CBR 1100XX Super Blackbird. Um nome lindo e imponente, que evocava o clássico “CBR” usado em motos esportivas da Honda até hoje, somado à cilindrada que poucas motos topo de linha da época tinham. E, para completar, “super pássaro negro”, em tradução livre.

Esse sobrenome foi inspirado no do caça Lockheed SR 71 Blackbird, uma outra maravilha da engenharia humana. Operado pela Força Aérea Americana e pela própria NASA, foi lançado em 1966 – 57 anos atrás! Com 33 metros de comprimento, enxutos 17 m de envergadura e dois motores Pratt & Whitney J58 turbo-ramjet que somavam 68 mil libras de empuxo máximo, a aeronave podia voar a 25 quilômetros de altitude, tinha autonomia de 5.400 quilômetros e chegava à velocidade de 3.700 km/h (Mach 3). Mas essa é outra história…

Design atemporal e criado em túnel de vento

Agora vamos ao design. Hoje obviamente parece defasado, mas mesmo 27 anos depois ainda não sugere ser uma moto tão antiga. As linhas são plenamente harmoniosas. Tudo combina, e não há soluções estéticas de gosto duvidoso ou exóticas demais.

A moto ainda tinha alguns quitutes muito particulares, como piscas embutidos nas carcaças dos retrovisores, rabeta encorpada e dois lindos escapes cromados, um de cada lado.

E a aerodinâmica não apenas é obvia no aspecto visual, como eficiente na prática – foi desenvolvida em túnel de vento. Quem já pilotou a Blackbird, cujas carenagens são integrais, sabe que fica bem protegido do vento, sem ruídos nem turbulências mesmo em altas velocidades. Observe, ainda, como o para-lama dianteiro é rente ao pneu. Pois é…

Agora observe o painel. Se hoje predominam as telas de TFT, naquela época era tudo analógico e a disposição dos instrumentos era algo de grande importância. O que é preciso está ali: marcadores de combustível e temperatura à esquerda, velocímetro no meio e conta-giros à direita. As seis luzes-espia estão simetricamente divididas em grupos de três, nos lados do velocímetro. Tudo fácil de achar e de ler.

A ciclística e a ergonomia também eram exemplares. Eu gosto de motos custom, mas admito que as trail e super-touring são as que proporcionam uma posição de pilotagem mais cômoda, com coluna reta e pernas não muito dobradas.

Pois na Blackbird todos os comandos e botões eram fáceis de ver e operar (exceto o “pino” que zerava o hodômetro). Além disso, o piloto se aboletava em posição surpreendentemente confortável, pois não ficava tão inclinado à frente. Assim, os pés não ficavam tão recuados, as pernas não ficavam tão dobradas e o braços não sentiam tanto o peso do corpo.

Para completar, o tanque bem alto servia como uma espécie de apoio e o banco era muito confortável. Como nada é perfeito, uma garupa não ficava tão confortável quanto o piloto, suas pedaleiras altas deixavam as pernas bem dobradas e alça de apoio era relativamente pequena e ficava bem atrás do corpo.

Sim, a moto era bonita em qualquer das cores oferecidas à época- da clássica preta às opções vermelha, azul ou prata.

Comportamento perfeito em todas as situações

Dinamicamente a Blackbird impressionava em muitas – talvez todas – as situações. Coisa rara em esportivas, a moto se comportava muitíssimo bem tanto em baixos giros com marchas reduzidas quanto em altas rotações e marchas elevadas.

No trânsito urbano, em segunda ou terceira marcha, o motor ronronava e não soluçava. E também impressionava a excepcional distribuição de pesos e massas, que tornava sua condução fácil, ágil e leve – a sensação era de se estar pilotando uma moto muito menor.

Na hora de acelerar forte, a moto ganha velocidade de forma linear e muito progressiva, mas também muito rapidamente. chegava aos 100 km/h em segundos e era capaz de atingir os 290 km/h. Nos dias de hoje essa velocidade ainda é algo impressionante em uma moto de produção, mas imagine isso em quase três décadas atrás!

Ok, quando falamos em Blackbird e velocidade, todo mundo quer relembrar a “disputa” que havia entre modelos de Honda, Suzuki e Kawasaki pelo posto de moto mais veloz do mundo. Então relembramos aqui que, antes da chegada da Blackbird, o reinado foi da Suzuki GSX-R 1100W, com 274 km/h, e depois da Kawasaki Ninja ZX-11, que chegava a 283 km/h. E a própria Blackbird foi superada, depois, pela Suzuki GSX-1300R Hayabusa, com 300 km/h aferidos. Hoje há motos que chegam aos 400 km/h, mas não vamos seguir nisso.

Voltando ao desempenho da Blackbird, as curvas eram feitas facilmente e com muita inclinação (muita mesmo!), e as frenagens eram extremamente seguras. E a Blackbird nem tinha o sistema antitravamento ABS – era equipada apenas com o sistema de distribuição de força de frenagem CBS – coisa que hoje qualquer moto pequena já tem, mas que na época era um luxo.

Minha experiência com a Blackbird foi inesquecível. Nos idos de 1998, fiz o trajeto São Paulo-Rio com a moto, então novidade no Brasil. Naquela época, havia menos pedágios e radares nessa estrada, e aquela foi a vez em que fiz esse trajeto no menor tempo – até hoje! Depois disso, ainda rodei com ela pelas ruas do Rio por alguns dias.

Ao longo dessa convivência, vi, na estrada, como a aerodinâmica da Blackbird era espetacular: você pode andar a 150 km/h que a moto se mantém “no trilho”, sem vibrar, shimmar ou gritar.  E também como era dócil e maneável em trânsito urbano, como se fosse uma moto bem menor.

O motor era um instrumento de precisão

O motor que movia esse míssil sobre duas rodas era um quatro cilindros em linha refrigerado a água, que nasceu carburado e depois ganhou injeção eletrônica. Com duplo comando de válvulas, tinha 1.137 cm³ de capacidade cúbica.

Carburado, rendia 153 cv a 10.000 rpm e 12.6 kgf.m a 7.250 rpm. Quando ganhou injeção, em 1999, passou a alcançar 162 cv de potência com 12,7 kgf.m de torque, nas mesmas faixas de rotação. Junto com a injeção vieram algumas outras alterações – feitas na caixa de ar, nos dutos de admissão, no radiador de óleo e no câmbio. Mas em seus 11 anos de vida, pouca coisa realmente mudou. De fato, não havia muito o que melhorar…

Outras especificações da moto, ainda raras na época, eram o chassi de alumínio, que aliviava peso em relação a uma mesma peça de aço (a moto tinha 223 quilos), e as suspensões ajustáveis na frente e atrás – esta, já um monochoque pro-link.

A Honda CBR 1100XX Super Blackbird foi fabricada entre 1996 e 2007. Cerca de 85 mil unidades foram produzidas. Nesse período, naturalmente ganhou aprimoramentos – como a já citada injeção eletrônica e até painel digital.

Mas suas formas originais jamais foram alteradas, assim como sua performance espetacular. Uma moto que andava bem em baixa, muito bem em alta, era ótima de curvas,  freava com eficiência, era confortável e ainda transmitia muita segurança mesmo em velocidades altíssimas. Por isso, uma séria candidata a “melhor moto já feita na história”.

E as outras?

Como dissemos lá no começo, gosto é uma questão individual. O caro leitor lembra de alguma outra moto que seja boa, muito boa ou excelente em tudo?

As esportivas, por exemplo, evoluíram absurdamente. Ganharam eletrônica, ficaram mais seguras e hoje têm design agressivo e muito voltado para o desempenho. Mas também ficaram muito nervosas e raras tem boa maneabilidade em baixos giros.

As super-touring oferecem muito conforto, mas ao longo dos anos, com mais e mais recursos, também se tornaram motos adequadas quase que exclusivamente ao uso em estradas ou pistas livres.

As custom de alta cilindrada são muito particulares. A posição com pernas esticadas lá na frente e guidom alto frequentemente é um “falso conforto”, pois cansa em trajetos longos. E não são motos para uso urbano, e muito menos para altas velocidades.

As big trail, por sua vez, mudaram de personalidade nos últimos anos. Continuaram “big”, mas já não são tão “trail”: mantém as suspensões elevadas e os pneus de uso misto, mas a maioria, hoje, e mais voltada para o asfalto do que para e terra. E também não são tão cômodas em altas velocidades.

E nem precisamos mencionar as naked, que assim como as esportivas ficaram nervosas, explosivas, agressivas e eventualmente lindas – mas na prática são apenas esportivas sem carenagem.

Fonte:https://www.webmotors.com.br/wm1/motos/blackbird-a-melhor-moto-ja-feita-na-historia

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