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Renato – “O Rei dos Dioramas”

Nós do The Riders, tivemos a honra de conversar com o motociclista e artista plástico Renato Siqueira Maria, que contou um pouco da sua trajetória de vida, que se interliga com os amantes do motociclismo através de seus dioramas, que já fazem sucesso pelo Brasil e no mundo.

Renato Siqueira Maria  

Diorama é um modo de apresentação artística tridimensional, de maneira muito realista, de cenas da vida real para exposição com finalidades de instrução, entretenimento e se tornou um grande hobby para vários motociclistas.

Qual a diferença entre um diorama de uma maquete?

A diferença entre uma maquete e o diorama é que a maquete é um modelo, um conjunto representativo e o diorama é uma reprodução exata, havendo dentro da maquete um ou mais dioramas.

Diorama para o motociclista Toni “Megafone” do PMC.

Um pouco da história do artista

Meu nome é Renato Siqueira Maria, tenho 42 anos, sou professor de língua inglesa e possuo uma Harley Davidson Heritage Softail ano 2004.

Minha paixão pelo motociclismo começou desde muito pequeno. Mais exatamente quando eu tinha 11 anos de idade. Fui estudar em um colégio luterano novo em minha cidade onde haviam muitos colegas oriundos dos estados do sul do Brasil. Entre esses colegas estão dois maravilhosos amigos que tenho até hoje. O pai dele é um grande empresário que colecionava carros e motos antigas. Em sua garagem haviam vários Fords antigos, tratores, ferramentas antigas entre outros objetos. Porém, entre todos os veículos que lá haviam, consigo me recordar de três motos que eu vivia ao lado delas: uma indian Chief, uma Harley Davidson Fat Boy e uma BMW R65 1983, a única que me recordo o ano. Passar as férias com eles e estarmos sempre juntos contribuiu para eu assimilar uma cultura que poucas crianças da época tinham: gostar de coisas enferrujadas, curtir a cultura americana e amar motos, especialmente as vintages. Além do mais, passávamos bons tempos em cima de uma Suzuki de 70cc nos divertindo na na área da propriedade deles.

Eu comecei a me dedicar à arte de fazer dioramas como forma de auto tratamento para depressão, doença que está comigo desde a idade tenra. Começou como uma terapia para ocupar a mente com algo criativo. Algo que me fizesse esquecer as ansiedades. Além do mais, com o gosto pela cultura americana aliado à vontade de criar cenários estilo Rota 66 para minha coleção de miniaturas, comecei a me aventurar por esta área.

Já fiz parte de um moto clube, Balaios MC. Mas, o tempo e as responsabilidades que eu tinha na época não me deixaram me dedicar mais ao clube e, por conta disso, decidi sair. Agora, orgulhosamente, faço parte de uma irmandade de estrada chamada Confraria Harleyros do Pará, que está situada na minha cidade que nasci, Belém. E é muito bacana saber que faço parte de algo bem organizado, mesmo morando em uma cidade distante da capital.

Uma viagem que certamente me inspirou foi em uma das etapas do meu mestrado que fiz em Buenos Aires. No meu tempo vago tive a oportunidade de visitar a Autoclásica. A maior exposição de automóveis e motos antigas da América Latina. O evento transpirava uma atmosfera de nostalgia, cultura Gearhead e tudo o que envolvia motores. Já havia visitado museus por toda América do Sul, mas este evento, de longe, foi a mais fantástica reunião de carros e motos lendárias que já havia presenciado. Muitas Harleys, Idians, Royal Enfields, Nortons, etc, enfeitavam o gramado do Jóquei Club de Buenos Aires. Foi uma viagem no tempo. Um tempo que nunca vivi, mas sou remetido à nostalgia daquela era.

Com certeza um lugar do mundo que pretendo conhecer e viajar de moto através dessa estrada é a famosa Route 66, nos Estados Unidos. Já está em planejamento uma viagem pra lá juntamente com um brother da Confraria Harleyros (Toni “Megafone”) que virou um irmão pra mim. Estamos fazendo os planos para cumprir a metade da estrada, que já está de bom tamanho pra mim. Um sonho a ser realizado e compartilhado com os que pretendem fazer o mesmo.

Conciliar o tempo em tarefas que se ama é sempre um desafio. Minha espiritualidade e minha família vem sempre em primeiro lugar. O tempo que sobra eu administro entre meu trabalho secular e meu hobby, que é o colecionismo de miniaturas. Leio bastante também meus livros de carros e motos que compro nas viagens. Com a pandemia e o isolamento em casa que a minha profissão me proporciona, eu posso dedicar mais tempo a criação dos projetos de dioramas. Pesquisar mais e me aperfeiçoar na arte é um dever de casa diário, pois fazer o que o cliente deseja ou entender mais a fundo o que ele deseja requer conhecimento de modelos diversos de veículos novos e antigos de todas as categorias, estruturas e até mesmo a cultura dele e o que ele pretende com o projeto pedido.

Uma história tragicômica foi em um dia que fui dar um role solo a uma cidadezinha próxima a minha, chamada Belterra. Neste tempo eu tinha uma Harley Davidson XL883R. antes de sair de lá encontrei com um ex aluno meu que é professor lá. Ele me perguntou se eu não tinha receio de voltar a noite de moto por estradas tão escuras. Eu falei pra ele que estava em uma máquina inquebrável e sorri. Já era noite e na volta, na hora que subi na moto, o cabo do acelerador quebrou e me vi em apuros. Resolvi puxá-lo por baixo e ficar com ele na mão fazendo aceleração direta. Pilotava com a mão esquerda e puxava o cabo com a direita. Ao passar por uma viatura da PRF naquelas condições e naquela escuridão os policiais resolveram vir atrás de mim e me abordar. Eu expliquei toda a situação e pedi que eu pudesse seguir em frente, pois não havia como eu ficar parado naquele caminho ermo e escuro. Eles se compadeceram e deixaram eu seguir viagem. Como se somente o cabo não fosse problema suficiente, em certo trecho eu fiquei sem gasolina, pois na ânsia de chegar logo, eu passei direto do posto e não abasteci. O resultado foram longos minutos empurrando aquela moto pesada até o posto. Felizmente cheguei em casa, porém com a mão cortada e a costa doída de empurrar a moto. Desde então, sempre lembro de nunca mais gabar nada que possa me deixar na mão.

Eu dedico sempre a Deus e minha família meu êxito e os bons resultados que obtenho em cada projeto que faço. Sem a criatividade e o apoio da família, que vem sempre em elogios e palavras de incentivo, não seria possível obter resultados felizes ou chegar ao fim uma empreitada. É um trabalho que exige acima de tudo paciência e saber que sempre vai levar tempo para terminar um projeto. Às vezes fico até de madrugada fazendo os pequenos detalhes de um diorama.

Um recado a todos os leitores da The Riders tem a ver com a paixão pelo motociclismo e pela moto, não importa a marca, cor, ano ou seu preço. Devemos as vezes largar algumas âncoras que nos prendem a ideologias e ver, de fato, que uma moto, qualquer um pode comprar e deixar enfeitando sua garagem. Porém, o amor por ela e o espírito de motociclista, este não se pode comprar.  Na estrada somos todos irmãos porque somos iguais. Na estrada não tem Juiz, médico, advogado, professor, vendedor ou gari. Há apenas pessoas que tem um gosto e paixão em comum: a moto e tudo o que envolve sua cultura. Respeito e irmandade deve sempre imperar entre todos, pois sempre vai haver um outro dia, um outro encontro, uma outra estrada.

Conheça mais trabalhos desse grande artista em @renato_dioramas no Instagram

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