Ao lado da RD 135 (restaurada), a Yamaha DT 180Z parece ter parado no tempo e me levou de volta a 1990
Sábado (22 de maio de 2021) fazia uma reportagem em Guaxupé (MG) e, ao passar em frente a concessionária Yamaha, aquela DT 180Z novinha chamou minha atenção. Estacionei o carro, entrei na loja e, sem querer fui levado em uma viagem pelo tempo… Para ser exato, estava de volta ao dia 26 dezembro de 1990 quando foi emitida a nota fiscal de venda número 000261 pela Yamaha Copevel.
A NOTA FISCAL DATILOGRAFADA
A nota fiscal, ainda datilografada e cópia em papel carbono, discriminava as especificadas de uma Yamaha DT 180Z, ano 1990, modelo 1991 e tinha o incrível valor de 374.343,00 Cruzeiros. O modelo, na cor branca, trazia o número de chassi 9C62TW000M0032068. A venda aconteceu há quase três décadas e, nesse período, pouca coisa aconteceu na vida dessa moto…
A mesma concessionária que a vendeu em 1990, a comprou de volta. Moto com história
Para dizer a verdade essa Yamaha andou pouco, no seu velocímetro constam apenas 4.078 km rodados. Segundo Ricardo José Duque, do departamento de vendas da concessionária, “ela foi comprada e ficou a maior parte do tempo guardada na residência do proprietário. Ele morava em São Paulo e vinha nos feriados ou férias para Guaxupé”.
Os protetores de bengala (com a marca Yamaha) provam que a DT não ficava exposta ao sol
Além dos números gravados no hodômetro total da Yamaha DT 180, as condições dos plásticos, capa do banco, parafusos, adesivos e peças de acabamento comprovam que ela teve uma vida bem tranquila. “Até o pneu é original, relembra Ricardo”. Além dos pneus, para lamas e os protetores de bengalas – na cor rosa – comprovam que a moto não ficava exposta ao sol.
PRIMEIRO (E ÚNICO) DONO
Muitas motos são compradas e revendidas com bastante constância – prova disso é o mercado de usadas que não para de crescer (até abril de 2021 mais de um milhão mudaram de mãos, segundo dados da Fenabrave). Mas, contrariando a lógica, essa DT teve um dono fiel. Que, a julgar pela aparência atual da moto, cuidou dela de forma exemplar.
Passados quase trinta anos da primeira venda, a linda Yamaha DT 180Z voltou para a concessionária. “Quando o dono da concessionária soube que o primeiro dono estava vendendo, fez questão de comprá-la para deixar aqui na loja, ao lado de outra raridade uma RD 135” afirmou Ricardo.
Atencioso, Ricardo ainda fez questão de mostrar os documentos que ainda acompanham a moto como a Nota Fiscal (inclusive de venda da Yamaha para a concessionária), Manual do Proprietário e o que achei mais bacana: a chave reserva junto com o chaveiro da época.
VENDE?
Claro que fiz a pergunta, torcendo para ouvir um sim…
– Está a venda?
– O dono não vende, por dinheiro nenhum!
Perguntar não ofende, insistir é falta de educação. Sendo assim, restava curtir o visual imaculado da moto e tentar descobrir um pouco da sua história para dividir com os amigos do Moto Clássicas 80.
Fiz algumas perguntas sobre aquele raro exemplar e comecei a relembrar dos anos de 1990 quando a cena musical era dominada pela Madona (Vogue) e filmes românticos como Ghost – Do Outro Lado da Vida.
PAIXÃO PELA YAMAHA DT
Com apenas 4.078 km rodados… “Ela não tem preço e não será vendida” perguntar pode, insistir é falta de educação
Mesmo estando perto do horário da loja fechar, o vendedor foi incrivelmente atencioso. Enquanto mostrava a moto e contava brevemente a história daquela DT, pude perceber sua paixão por motos. “Quando essa moto foi vendida, eu era cliente da loja, tinha uma DT 180Z branca e azul, e fazia trilhas com ela”. Mas, antes dessa DT, ele teve uma ano 1987 e outra ano 1989.
Parece que a paixão por motos moldou o caminho profissional do Ricardo, em fevereiro de 2001 ele foi contratado pela concessionária onde está desde então. A julgar pela sua empolgação em falar da moto num sábado, perto do fim do expediente, Ricardo é um cara realizado e parece trabalhar com o que gosta.
Quanto a DT 180, ela voltou para a sua casa e está na mesma loja de onde saiu há 30 anos. O imóvel fica na Rua Aparecida, 198 no centro da simpática e acolhedora Guaxupé. Lá parece ser a última morada dessa clássica 2T.