Quem acompanha as competições da motovelocidade sabe que as carenagens das motocicletas não existem apenas para fazê-las mais bonitas, ou servir de suporte para as logomarcas de patrocinadores. Aliás, mesmo quem não se interessa por corridas percebe que, com o aumento da velocidade, faz uma baita diferença ter algo na moto que ajude a desviar a pressão do ar do capacete e do tórax, inclusive para proteção contra frio e chuva.
Para-brisas grandes ou pequenos, minúsculas carenagens de farol ou até mesmo aquelas que envolvem toda a motocicleta tem tudo a ver com aerodinâmica, que em palavras simples é o estudo da movimentação do ar em relação a um objeto sólido. O assunto é complexo, e tem várias aplicações no mundo dos veículos, especialmente no âmbito da aeronáutica. Todavia, nos últimos anos, as motocicletas estão se beneficiando cada vez mais da evolução da aerodinâmica.
Exemplo maior? A Honda RC 213V do multicampeão Marc Márquez. Se compararmos a moto de Márquez no ano em que ele começou a competir na MotoGP, 2013, com a moto que ele usa atualmente, notaremos uma grande diferença: atualmente a parte frontal da carenagem conta com vistosas asas laterais. Tal complemento surgiu após aprofundados estudos no túnel de vento do HRC – Honda Racing Co., a divisão de competições da Honda, com objetivo de dar maior estabilidade à uma moto cada vez mais potente, e que em determinadas pistas consegue chegar perto dos 350 km/h da velocidade máxima.
A RC 213V de Márquez é o exemplo mais extremo do uso da aerodinâmica em motos, e boa parte do conhecimento vindo das pistas já está presente na CBR 1000RR-R Fireblade, porém é necessário lembrar o estudo da aerodinâmica nas motos vem de longe, e um de seus mais revolucionários conceitos apareceu na Honda CBR 900RR Fireblade de 1992, a pioneira das Fireblade.
Tal modelo foi lançado com intrigantes orifícios circulares em locais estratégicos da carenagem. Tal solução técnica, inédita, derivava (como sempre…) das pistas de competição, onde modelos da Honda como a RS 250RW, que competiu no Mundial de Motovelocidade da categoria 250 dos anos 1980 e 1990, se valeu de carenagens com “furinhos” para melhorar principalmente a maneabilidade, facilitando a ação do piloto ao mudar de direção de maneira rápida em altas velocidades.
Outra Honda que se notabilizou pela aplicação de sofisticados conhecimentos aerodinâmicos foi a CBR 1100XX Super Blackbird, fabricada de 1996 a 2007, uma superesportiva que era capaz de superar a barreira dos 300 km/h de velocidade. Nesta motocicleta, a grande tarefa dos técnicos ao elaborar as formas da carenagem não foi a de simplesmente facilitar o alcance da velocidade máxima, mas fazer com que isso fosse seguro, para o piloto, pois não só a carenagem deveria proteger o piloto contra a pressão do vento como conferir estabilidade à moto em velocidade semelhante à da decolagem de um Boeing lotado de passageiros.
Escolhemos estes exemplos radicais – a RC 213V de Márquez, a Fireblade de 1992 e a Super Blackbird pois eles são marcos na história da evolução da aerodinâmica em motos. Todavia, mesmo nas motos de nosso dia-a-dia, a aplicação do conhecimento de como minimizar os efeitos negativos da pressão do ar, ou também de como aproveitá-la beneficamente, não faltam.
Não tenham dúvida de que aquela modesta carenagem de farol que equipa da simples CG 160 Start até a CB 1000R tem uma função importante para desviar parte do fluxo de ar do corpo do piloto. Porém, a máxima expressão da arte da boa aerodinâmica se vê me modelos como a esportivas CBR 650R e CBR 1000RR-R Fireblade, na gigante GL 1800 Gold Wing, nas crossover CB 500X e NC 750X e nas big trail CRF 1100L Africa Twin.
Todas elas, em maior ou menor escala – umas visando conforto, outras performance, ou ambas as coisas –, são fruto de um aprofundado estudo aerodinâmico, uma ciência/arte que vem evoluindo para melhorar a vida de todos os tipos de motociclistas.
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FONTE: https://www.honda.com.br/motos/blog/aerodinamica-de-motocicletas-cada-vez-mais-importante
