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Curiosidades

Conheça a história dos motores V-Twin Harley-Davidson Parte 1

Os primeiros projetos de motores da Harley Davidson foram bastante “caseiros” e com motores de um único cilindro. Mas, há mais de 110 anos, o coração das motos Harley Davidson com motores 2 cilindros em V, denominados V-Twin, encantam motociclistas do mundo todo por gerações, loucos para ter a sensação de pilotar essas maquinas.

Os motores desenvolvidos pela Harley Davidson ao longo dos anos, retratam a evolução da marca em todos os aspectos relacionados ao melhor desempenho de suas motocicletas.

Vamos ver um pouco da evolução dos motores V2 da HD, que possuem visual e som inconfundíveis, e se tornaram lendários ao longo da trajetória de sucesso da companhia.

ATMOSPHERIC V-TWIN (1909)

A Harley-Davidson Motor Company ® tinha seis anos quando introduziu seu primeiro V-Twin, em 1909.

Construído com o eixo de transmissão e pistões que provinham dos motores de um cilindro, acrescentaram um virabrequim conectado ao outro por uma cruzeta, e estava pronto o V2. Foi adaptada uma carcaça maior para os cilindros, com uma estrutura reforçada, o Carburador Schebler, que era utilizado nos outros modelos anteriores, e uma ignição magnética Bosch, inflamando a mistura que era expelida pelos famosos escapamentos com abas moveis, sem nenhum sistema de abafamento de som. Produzia 7 cavalos de potência com 49,5 polegadas cúbicas (815 cc), o Atmospheric V-Twin, que recebeu esse nome devido a atuação de suas válvulas pelo vácuo criado durante o curso de admissão do pistão, levava o modelo 5D a mais de 70 Km/h. Foram produzidos somente 27 motos do modelo. Mas este motor foi considerado um fracasso e a HD comprou de volta todas as motos vendidas, trabalhando exaustivamente por 2 anos para corrigir os problemas do projeto.

Ele ganhou um lugar especial na história da HD por ser o elemento mais distintivo do design da motocicleta da marca: o motor V-Twin, de 45 graus, refrigerado a ar.

F-HEAD (1911 – 1929)

A primeira evolução do V-Twin foi em 1911, quando o co-fundador e engenheiro-chefe Bill Harley resolveu os problemas de seu V-Twin com a criação do motor F-Head ou IOE (Inlet Over Exhaust). Nos motores tipo F, as válvulas de admissão ficavam localizadas acima das válvulas de escapamento e as velas posicionadas num ângulo de 45 graus entre as válvulas. As alavancas de acionamentos das válvulas em tamanhos diferentes são características bem marcantes neste motor. A ignição utilizava sistema magnético da Bosch, com acionamento através de engrenagens, e o ajuste de ponto por um sistema de alavancas. Com 50 polegadas cubicas (820 cilindradas), gerava 7 hp, e levava o modelo 7D a uma velocidade perto dos 100 km/h.

Foi colocado também um sistema de controle do tensionamento da correia, que funcionava como uma embreagem e, o sistema de partida era feito por pedais de bicicleta.

Em 1914, a Harley Davidson introduziu o sistema de partida a pedal nas motos do modelo 10F, além de um câmbio de duas velocidades, que aproveitava melhor a potência do motor e aumentou para 10 hp. Com o aumento do motor para 60,34 polegadas cubicas, (990 cilindradas), a transmissão passou a ser por corrente.

Outras mudanças vieram em 1917, no período da guerra. Como os sistemas de ignição Bosch não estavam mais disponíveis, foram substituídos por sistemas americanos e surgiu a venda do modelo J, que com melhorias em seu motor de 60,34 polegadas cubicas (990 cilindradas), passou a gerar 17 hp. E, junto com um câmbio de 3 velocidades, levava as motocicletas a atingir 105 km/h.

Na década de 1910, as Harley Davidson estavam entre as motos mais competitivas das corridas. Entre os pilotos, destacava-se Leslie Parkhust, conhecido como Red Parkhust por causa dos cabelos ruivos. Em 1920, junto com os outros pilotos Walker e Ludlow, estabeleceram 23 novos recordes na estreia da temporada de competição em Daytona. Entre os recordes estava o de 166 km/h de velocidade máxima em uma moto, e 140,3 km/h com uma moto com sidecar. Posteriormente, Red bateu mais duas vezes seu record, primeiro 178 km/h e depois com 181 km/h. Até 1929 foi o principal motor da companhia.

TWO CAM 1916-1929

Em 1916, a Harley Davidson apresentou sua moto com motor 8-Valve Racer. Essa moto era capaz de obter velocidades acima dos 170 km/h. Não havia transmissão, a potencia para as rodas vinha diretamente do eixo do motor.

Os primeiros modelos de motos Racers não tinham nenhum sistema de freio, sendo um verdadeiro desafio reduzir a velocidade.

Otto Walker e Ralph Hepburn estabeleceram muitos records de velocidade a bordo desta maquina. Walker foi o primeiro piloto a ganhar uma corrida com velocidade media de 160 km/h, porem após muitos acidentes , as corridas em autódromos de madeira foram proibidas de acontecer.

No final dos anos 20, a tecnologia das corridas da época estava agora disponível nas mãos dos clientes de motos de rua, com os modelos JH, que utilizava o mesmo motor em V de 45°, que surgiu em 1928.

Surgia o Two Cam, o primeiro Twin Cam da Harley. Nas pistas de corrida e provas de Hill Climb, os motores Two Cam eram construídos com sistema de comando OHV e quatro válvulas por cilindro. Com grande desempenho, mantinha os concorrentes Indiam e Excelsior em seus lugares, porem, as motos de série ficavam para trás em termos de potência.

Para suprir o desejo do seu público e resolver este problema, a administração de Milwaukee desenvolveu os novos motores com válvulas laterais, com duas versões amansadas do motor de corrida, que traziam um cambio com 3 velocidades.

Com 60,43 polegadas cubicas (990 cilindradas) e outro com 74 polegadas cubicas (1213 cilindradas) gerava até 29 hp e fazia as motos de serie alcançarem os 140 km/h, e as de corrida, a marca dos 164 km/h.

Este motor deixou como característica um controle de válvulas mais preciso e direto, o que gerou o risco de eliminar os rolamentos dos comandos, além da janela de controle de óleo. O nível e a bomba de óleo precisavam ser meticulosamente ajustados. O controle correto resultava numa melhor queima dos gases, e com isso, gerava mais potência.

Uma característica marcante que veio junto com essa tecnologia foi que, em 1928, introduziram o sistema de freio a tambor também na roda dianteira. este motor foi um grande sucesso, mas rapidamente interrompido pela crise de 1929.

FLATHEAD (1929 – 1973)

A grande depressão foi um golpe para a indústria de motocicletas. Na tentativa de atender à demanda, Bill Harley testou várias novas opções de motor até chegar ao incrível Flathead, incluindo os designs de quatro cilindros em linha e o “boxer”, de estilos opostos.

Nomeado por seus cabeçotes ventilados de topo plano, o motor “cabeça chata” , de 45 polegadas cúbicas (737 cilindradas), equipado com válvulas laterais, estreou em 1929 no modelo D45. O modelo V Big Twin de 74 polegadas cúbicas (1213 cilindradas), saiu em 1930 e foi construído para competir com o Indian Chief de 74 polegadas cúbicas, equipando os modelos V 74. Esse projeto teve um inicio muito difícil, com uma extensa lista de problemas mecânicos. Porém, a Harley Davidson comprometeu-se a corrigir imediatamente as falhas. Foi uma fase complicada, pois precisavam alterar muitos componentes e todos eram importantes e caros. A situação foi onerosa para a fábrica e muito incômoda para os clientes, mas corrigindo os problemas. a marca conseguiu recuperar a confiança com seu público.

Esses incríveis motores de válvula lateral provaram seu valor para a Harley Davidson com longevidade incomparável. Gerações de motociclistas gostaram da simplicidade e confiabilidade do modelo Flathead, que permaneceu em produção até o início dos anos 70 em Servi-cars de três rodas.

Em 1923 iniciou uma prova conhecida como Jack Pine Endurance Run, uma das corridas de resistência que submetia as motos e pilotos a uma prova extremamente dura. A competição durava 3 dias percorrendo 1300 km, passando por locais quase impraticáveis, em terrenos arenosos, ou com lama, até pontos que os participantes tinham que atravessar rios, e tudo isso mantendo uma velocidade media regulamentada de cerca de 38km/h. A primeira Jack Pine foi vencida por uma Harley, com o piloto Oscar Lenz, que conquistou o troféu por mais 6 temporadas, até 1936.

Nesta corrida também participou William H. Davidson, um dos fundadores da marca, conquistando o troféu em 1930 com pontuação 997 de 1000. Com essa pontuação magnifica, conquistou também o titulo de campeão da Associação Motociclística Americana de Enduro.

Outro nome que não podemos esquecer foi o de Dorothy Robinson, a primeira mulher a vencer uma Jack Pine, em 1940. Ela corria com a moto e sidecar, e foi a primeira mulher a conquistar uma competição oficial da AMA.

No ano de 1933, as regras de corrida de classe C da AMA, exigiam motos baseadas em modelos de linha, com isso a Harley Davidson lançou a WR, moto que se manteve competindo até os anos 50. Esse motor se mostrou muito confiável e veloz; com a preparação para corrida gerava 40 hp de potência. O piloto Jimmy Chann, conquistou a Number One Plate da AMA, vencendo o Springfield Mile em 1947, 1948 e 1949. E, Joe Leonard, foi o primeiro piloto a vencer o Grand National Championship da AMA no formato de longa temporada, em 1954, com sua WR.

Em 1934, ele recebeu algumas melhorias mecânicas como: carburador e coletor mais eficientes e um novo sistema de lubrificação, fazendo-o render até 36 hp.

Em 1937, a série U de motores Big Twin da Harley Davidson fez sua estreia atualizando a série V. Os modelos U e UL apresentavam unidades de propulsão de 74 polegadas cúbicas (1213 cilindradas), e os modelos UH e ULH estavam equipados com motores de 80 polegadas cúbicas (1311 cilindradas). Com rolamentos e componentes mais fortes, traziam também um sistema de lubrificação a seco semelhante aos modelos E. Além de receberem reforço na estrutura do chassi, o sistema de transmissão passou a ter 4 velocidades.

Os modelos de 80 polegadas cúbicas foram produzidos até 1941, e os modelos U e UL, de 74 polegadas cúbicas, ficaram em produção até 1948. Eles tiveram melhorias nos cabeçotes, que passaram a ser em alumínio forjado com hastes mais profundas para maior dissipação do calor, e ainda, tinham como opcional, cabeçotes em silício-alumínio, que hoje são itens de coleção.

Embora as motos ainda fossem muito populares, a produção de quase todos os modelos civis ficou comprometida pois a Harley Davidson estava concentrada na produção dos modelos WLA, de 737 cc, para as forças armadas dos EUA, durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Os Harley Davidson Servi-Cars de três rodas, fabricados a partir do início da década de 1930 até 1975, eram equipados com motores Flathead em toda a sua produção. Os modelos V e VL tinham a opção de vir com marcha ré, sobretudo nos modelos com sidecar.

KNUCKLEHEAD (1936 – 1947)

Foi o primeiro motor da Harley Davidson preparado nos padrões internacionais, com componentes e superfícies estilizadas que, mais tarde, se tornaram um marco no desenvolvimento de produtos da marca.

Fonte: https://garagehenn.com.br/conheca-a-historia-dos-motores-v-twin-harley-davidson/

Ele recebeu este nome devido ao formato das tampas do cabeçote que lembravam os ossos da mão fechada. Feitos em alumínio polido brilhante, com dois grandes parafusos dos balancins em cada cilindro, essa era a grande característica deste motor.

Com o mesmo ângulo de cilindro de 45 graus dos seus antecessores, o novo motor tinha um único comando, e as válvulas no cabeçote com uma câmara de combustão hemisférica e taxa de compressão 6.0:1. Embora não fosse um conceito novo, a qualidade de materiais e do combustível da época impedia que um motor de alta compressão pudesse suportar o calor que era gerado nele.

Assumindo esse risco, a Harley Davidson teve que fazer várias melhorias no primeiro ano, dentre elas, as tampas dos cabeçotes, que passaram a ser totalmente cobertas, pois vazavam óleo na perna dos condutores; novos moldes de cabeçotes, para resolver os problemas de resfriamento e novas mangueiras de óleo, que reduziam a fuga. Esses primeiros motores, apesar dos contratempos, já geravam 10 hp a mais que seu antecessor e alcançavam a marca dos 153 km/h com suas 61 polegadas cubicas (quase 1000 cilindradas).

Com ele, também foi lançado o primeiro sistema de óleo recirculante de circuito fechado. Logo, todos os motores da companhia teriam o novo sistema de cárter de óleo seco e, junto a ele, o emblemático tanque em forma de ferradura em torno da bateria.

Em 1936, a Harley Davidson decidiu tentar a corrida de velocidade. Outras equipes particulares de corrida já haviam usado motocicletas motorizadas da Harley Davidson, mas era a primeira moto oficial que a fábrica construía, a Speed Racer. A Harley começou com um modelo 1937 da EL, que era alimentado por seu novo motor Knucklehead, de 61 ci. Em seguida, eles acrescentaram guidões baixos e fizeram uma carenagem personalizada usando parte de um tanque de gasolina que foi reformado para caber sobre os garfos dianteiros. Para aerodinâmica adicional, eles adicionaram um conjunto de cauda traseira.
A Harley escolheu o piloto Joe Petrali para pilotar a motocicleta e, em 13 de março, ele estabeleceu um recorde de 136.183 milhas por hora (quase 220 km/h) em Daytona Beach.

Fonte: https://garagehenn.com.br/conheca-a-historia-dos-motores-v-twin-harley-davidson/

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